Cresce o número de criadores, mas apenas 90 piscicultores abastecem o mercado de Brasília
7 Setembro 2023
Redação do AgroDF
O Distrito Federal pode fechar o ano de 2023 com a produção recorde de 2.163 toneladas de peixes caso mantenha o mesmo ritmo de crescimento de 2022, quando produziu 14,9% a mais em relação a 2019, chegando a 1.881 toneladas de pescados. Essa produção é também favorecida pela alta demanda, pela estabilidade climática e pelo crescimento do número de criadores no DF.
A estimativa foi feita com base em dados da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater-DF), os quais também apontam que os moradores do Distrito Federal consomem 45 mil toneladas de peixe ao ano. Para atender à demanda, mais de 96% do pescado consumido no DF é importado de outras regiões.
O número de piscicultores do DF, embora tenha crescido nos últimos anos, ainda é baixo. São apenas 782 piscicultores cadastrados pela Emater até em 2022. Mas esse número ainda é o maior dos últimos 12 anos. Aos poucos, porém, produtores rurais estão investindo na piscicultura.
É o caso de Ademir Gomes, que trocou o plantio de hortaliças pela criação de peixe. Atualmente, com a ajuda da esposa e do genro, consegue produzir 15 toneladas por ano. “Nosso negócio cresce a cada ano, estamos satisfeitos”, garante Gomes, salientando que a transição foi feita com a assistência técnica da Emater.
Tilápia predomina
A produção de pescado no DF, porém, não é diversificada. “Pouco mais de 90% da produção local é composta por tilápia. O restante fica dividido entre piau, pacu, tambaqui e pintado”, aponta o veterinário Adalmyr Borges, coordenador do Programa de Aquicultura da Emater.
A opção pela tilápia, peixe de origem africana que se adaptou bem no Brasil, é registrada em todas as regiões, inclusive no DF. Borges explica o motivo: “É uma espécie que, além de ter caído no gosto do consumidor, oferece mais disponibilidade de alevinos (peixes que acabaram de sair dos ovos) e técnicas de criação mais acessíveis”.
Potencial para crescer
Atualmente, segundo Borges, “o valor bruto do cultivo de peixes no DF chega a R$ 23 milhões por ano”. “É uma atividade que tem crescido bastante, porque usa menos mão de obra e garante uma margem de lucro maior”, explica o veterinário, ressaltando que a alta procura também favorece o crescimento do setor.
Por causa da grande demanda e do ainda pequeno número de fornecedores, a piscicultura do DF apresenta grande potencial de crescimento. Atualmente, conforme Borges, apenas 90 criadores abastecem o comércio brasiliense, entre peixarias, supermercados e restaurantes. Os demais criadores mantêm tanques para atividades de lazer e turismo, como as empresas de pesque-pague.