Estudo aponta que o Cerrado pode perder 64% das áreas onde nascem essas espécies
Edição AgroD
11 novembro 2025
Até 2060, a região do Cerrado pode perder 64% das áreas consideradas adequadas para o surgimento de plantas medicinais nativas do bioma. O alerta está no estudo realizado pelo Programa de Pós-Graduação em Recursos Naturais do Cerrado (Renac), da Universidade Estadual de Goiás (UEG), publicado na revista “Biodiversity and Conservation”, da conceituada editora alemã Springer Nature.
O bioma Cerrado é reconhecido como um dos mais ricos em biodiversidade do planeta e fundamental para o equilíbrio ecológico e cultural da região central do Brasil. Os pesquisadores identificaram que entre as espécies mais ameaçadas do bioma estão o barbatimão, o jatobá-do-cerrado e o pequi, muito utilizado também na culinária goiana.
Cenários climáticos
Para chegar a essa previsão, os pesquisadores adotaram diversos modelos de distribuição de espécies e cenários climáticos globais. Eles projetaram, por exemplo, como a elevação das temperaturas e a alteração no regime de chuvas afetarão mais de 100 espécies utilizadas na medicina popular.
A tendência identificada no estudo aponta para uma migração das espécies em direção à Amazônia, que pode se tornar refúgio climático. Essa mudança, porém, traria desequilíbrios ecológicos e reduziria o acesso das comunidades do Cerrado a recursos que integram seus saberes e práticas tradicionais.
O pesquisador Leonardo Almeida alerta: “Para enfrentar essa crise, é urgente a criação de políticas públicas integradas que priorizem o estabelecimento de novas unidades de conservação em refúgios climáticos e a manutenção efetiva das unidades de conservação já existentes”. Almeida defende também ações de combate ao desmatamento e a adoção de políticas de migração assistida.
Para o professor Everton Tizo, coordenador do Renac, “o estudo representa uma importante contribuição para a ciência e reafirma o compromisso da UEG com a produção científica voltada à conservação da biodiversidade do Cerrado”.
O artigo é resultado da dissertação de mestrado de Leonardo Almeida Guerra dos Santos, sob orientação do professor Daniel de Paiva Silva (IFG – Câmpus Anápolis) e conta com coautoria de pesquisadores das Universidades Federais de Goiás, Bahia e Pernambuco.












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