GDF investe R$ 15,8 milhões em 130 km de canais de irrigação, beneficiando 758 produtores rurais
20 Novembro 2023
Redação AgroDF
O Governo do Distrito Federal investiu, entre 2019 e 2023, R$ 15,8 milhões na construção, reforma e manutenção de cerca de 130 quilômetros de 29 canais do sistema de irrigação rural, beneficiando 758 produtores. Foram 84,34 quilômetros de canais construídos e 45 quilômetros reformados. O mais novo canal foi entregue em outubro no Assentamento Márcia Cordeiro Leite, em Planaltina. Tem 11,5 quilômetros, atende 31 famílias e custou R$ 350 mil.
Atualmente, o sistema de irrigação agrícola do DF é composto por 65 canais. Juntos, somam mais de 235 quilômetros de extensão, equivalentes a distância entre Brasília e Aparecida de Goiás (220 km). Mais oito canais devem receber tubulação nova em 2024. Em fase de implantação, estão 9,5 quilômetros de canais em núcleos rurais de três cidades do DF para atender a mais de 140 produtores.
No Paranoá, o canal da Lagoinha, no vilarejo Capão Seco, terá 800 metros de extensão e atenderá 15 produtores. Em Planaltina, 100 metros de tubulação irão atender 36 produtores. E em Brazlândia, estão sendo construídos 8,6 quilômetros de canais, que atenderão pelo menos 90 produtores rurais.
“Começamos pelos principais canais, que atendem a um número maior de produtores, mas a meta é chegar a todos”, afirma Edvan Ribeiro, técnico da Emater-DF, responsável pelo mapeamento dos sistemas de irrigação.
Água sobrando
Antes de 2019, os canais eram construídos com manilhas de concreto ou na superfície do terreno, tecnologias que levavam ao desperdício de 50% do volume da água transportada. Já os novos canais são feitos com tubos de polietileno de alta densidade (PAD) e policloreto de vinila (PVC), mais resistentes e duráveis, segundo informou a Secretaria de Agricultura do Distrito Federal (Seagri).
O secretário-executivo da Seagri, Rafael Bueno, explicou que a perda por vazamento das tubulações e evaporação da água foi fator decisivo para mudar de tecnologia. “Muitas propriedades e núcleos rurais estavam secos”, lembra Bueno. “A água estava se perdendo por infiltração e evaporação. Hoje está sobrando águas nos riachos e para o produtor”.
Além do ganho econômico, a mudança de material empregado nos novos canais tem impactos sociais e ambientais positivos, segundo Edvan Ribeiro. “Com o canal, a água que antes era desperdiçada passa a ser utilizada nas plantações e o que sobra volta para os mananciais”, explica.
Os novos canais resolveram ainda deficiências no abastecimento de água em diversos núcleos rurais. “Tem produtor que passou dez anos sem receber água, principalmente aqueles que estão no final do canal. Alguns tinham perdido a esperança; hoje contam com água diretamente na propriedade”, comemora Ribeiro.
Produtores animados
As melhorias são confirmadas pelos produtores beneficiados. A agricultora Adriana Souza Nolasco (48 anos) mora no Núcleo Rural Córrego das Corujas, no Sol Nascente. Ela lembra que antes da construção de irrigação “só plantávamos em época de chuva, senão a produção morria”.
A variedade do plantio também era limitada pela escassez de água abundante e constante. “Não dava para plantar muita variedade, só o que não precisava de irrigação constante e diária”, conta. “Com o canal, isso mudou. Hoje em dia planto banana, graviola, tamarindo, mexerica, limão, abacate, acerola…”
O produtor Geraldo Conceição Lopes (61 anos) relata que em Ponte Alta Norte, núcleo rural no Gama, agricultores abandonaram as plantações porque o antigo canal de irrigação não ajudava. “O canal era a céu aberto. Na época da seca, a água evaporava muito”, recorda. “A gente ficava receoso de começar uma produção, a água acabar e a gente perder tudo”.
Em 2022, a comunidade ganhou novo canal. Com a nova tubulação, 24 pequenos agricultores voltaram a produzir sem medo de ficar sem água. A mudança reanimou Geraldo, que passou a produzir limão. Na safra deste ano, colheu 120 quilos da fruta, tudo vendido rapidamente. Agora quer “produzir de verdade”. “Minha intenção é progredir, cultivar a terra, aumentar os frutos e ganhar mais dinheiro”, acredita.
Com a mesma esperança segue a agricultora Marileuza Andrade (62), também de Ponte Alta. O novo sistema de irrigação fez com que ela plantasse duas espécies de café: o catuaí amarelo e o catuaí vermelho, cuja saca de 60 quilos hoje está cotada em R$ 880. Marileuza já colheu oito sacas. A meta para 2024 é dobrar a produção. O que não lhe falta é ânimo e água.