Brasil suspende exportações para 44 países por causa de doença encontrada no Rio Grande do Sul
19 Julho 2024
Redação AgroDF
O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) anunciou hoje (19) que reviu a certificação para exportações de carnes de aves e produtos avícolas para 44 países. A medida foi adotada após o Mapa confirmar o surgimento de um foco da doença de Newcastle (DNC) numa granja comercial no município de Anta Gorda, no Rio Grande do Sul. Na prática, a decisão suspende, temporariamente, a exportação de carnes para os países parceiros, seguindo acordos e regras internacionais sobre o comércio de aves.
O ministério emitiu nota com a seguinte explicação: “A suspensão da certificação temporária é conduzida pelo Brasil, de forma a garantir a transparência do serviço oficial brasileiro, frente aos países importadores dos produtos. Desta forma, as suspensões estão relacionadas a área ou região com impedimento de certificação, que varia desde a suspensão por pelo menos 21 dias para todo território nacional ou até mesmo a restrição circunscrita a um raio de 50 quilômetros do foco identificado”.
O Mapa informou que as regras de suspensão são revisadas todos os dias com os países parceiros, mostrando todas as ações executadas para eliminar o foco da doença. Comunicou ainda que barreiras sanitárias começam a ser montadas neste sábado (20) em cidades produtoras de frango no Vale do Taquari. Ao todo, 70 servidores da Secretaria Estadual da Agricultura vão vistoriar 800 granjas.
Impacto na economia
O presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Ricardo Santin, garantiu que o impacto da decisão na economia será mínimo, tanto para o Brasil quanto para o Rio Grande do Sul. Segundo ele, o Brasil produz em média de 1,2 milhão de toneladas de carne de frango todos os meses, exportando 430 mil toneladas.
No pior cenário, o país vai deixar de vender entre 50 a 60 mil toneladas por mês, que representa 5% da produção nacional, segundo Santin.
Países importadores
Com a medida, o Brasil deixará de exportar, temporariamente, para a China, Argentina, Peru e México os seguintes produtos: carnes de aves, carnes frescas de aves e derivados, ovos; carne para alimentação animal; matéria-prima de aves para fins opoterápicos; preparados de carne e produtos não tratados derivados de sangue.
Já os produtores do Rio Grande do Sul ficam impedidos de exportar para 30 países os seguintes produtos: carne fresca, resfriada ou congelada de aves; ovos e ovoprodutos; carnes, produtos cárneos e miúdos de aves; farinha de aves, suínos e de ruminantes; cabeças e pés; gorduras de aves; embutidos cozidos, curados e salgados; produtos cárneos processados e termoprocessados; e matéria-prima e produtos para alimentação animal.
A medida engloba os seguintes países:
- África do Sul
- Albânia
- Arábia Saudita
- Bolívia
- Cazaquistão
- Chile
- Cuba
- Egito
- Filipinas
- Geórgia
- Hong Kong
- Índia
- Jordânia
- Kosovo
- Macedônia
- Mianmar
- Montenegro
- Paraguai
- Polinésia Francesa
- Reino Unido
- República Dominicana
- Sri Lanka
- Tailândia
- Taiwan
- Ucrânia
- União Europeia
- União Econômica Euroasiática
- Uruguai
- Vanuatu
- Vietnã
As exportações ficam suspensas também os seguintes países: Canadá, Coreia do Sul, Israel, Japão, Marrocos, Maurício, Namíbia, Paquistão, Tadjiquistão e Timor Leste. Para esses países, os Certificados Sanitários Internacionais (CSI) emitidos até 8 de julho não entram nas restrições.
Neste caso, ficam restritas as exportações de carnes de aves; farinha de aves, penas e peixes para uso na alimentação animal; e produtos cárneos cozidos, termicamente processados, não comestíveis derivados de aves.
A causa da infecção
A doença de Newcastle foi identificada numa propriedade durante as ondas de frio no inverno. Uma chuva de granizo teria destelhado o aviário, matando 7 mil aves em razão das condições inadequadas, segundo o presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Ricardo Santin.
“Entrou água, umedeceu a cama e essas aves pereceram exatamente porque, nesse contexto, o aquecimento da granja não conseguiu funcionar e parte delas morreram”, explicou Santin.
Consumo sem risco
O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, tranquilizou a população. Afirmou ainda na quinta-feira (18) que a população pode continuar consumindo frango mesmo após o diagnóstico da doença. “Podem continuar tranquilos, consumindo carne de frango, inclusive da própria região, dessa própria criação na região”, garantiu Fávaro.
A doença pode causar conjuntivite transitória em humanos após contato direto com as aves, por meio de aerossóis e secreções respiratórias, além de secreções oculares e fezes de aves infectadas. Não há infecção através do consumo, afirmam especialistas.