Ministérios se unem para adotar medidas que ajudem o setor a sair da crise, como subsidiar os produtores
2 Outubro 2023
Redação AgroDF
O Governo Federal anunciou nesta segunda-feira (2) que adotará medidas para socorrer a cadeia produtiva do leite, abalada com os decretos editados em 2022, no Governo Jair Bolsonaro, que elevaram o aumento da importação do produto e de seus derivados.
As medidas para enfrentar a crise do setor foram discutidas nesta tarde em reunião do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, com representantes dos Ministérios da Agricultura (Mapa), Desenvolvimento Agrário (MDA) e Indústria e Comércio (MDIC).
Até o fechamento desta edição, o governo não anunciou quais medidas seriam adotadas. Limitou-se a informar, por meio de nota conjunta assinada pelos três ministérios, que foi apresentada ao ministro da Fazenda “proposta de subvenção econômica aos produtores de leite”. A proposta não foi detalhada.
Foi informado, contudo, que a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) investirá R$ 100 milhões na compra de leite em pó de produtores brasileiros. O prazo da chamada pública para aquisição do produto encerra no próximo dia 10. Esse leite será distribuído às redes de assistência social, segundo o Mapa.
Importações do Mercosul
O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, buscou tranquilizar o setor, dizendo que o governo está comprometido em buscar soluções. “O governo nunca foi displicente”, afirmou. “Nossas equipes trabalharam intensamente durante todo o fim de semana em busca de soluções para que possamos dar uma resposta efetiva para este setor tão importante para a nossa economia”.
Fávaro ponderou que a relação comercial com o Mercosul é muito positiva para o Brasil, mas que todas as ações estão sendo observadas pelo governo, dentro das regras, para que os produtores de leite não sejam mais prejudicados. O ministro não esclareceu se as relações comerciais com o Mercosul estariam prejudicando os produtores do Brasil.
Mas os produtores brasileiros reclamam. Enquanto o leite em pó produzido no Brasil é vendido à indústria por US$ 6,12 o quilo, o produto argentino atravessa a fronteira custando US$ 3,88/kg e o do Uruguai US$ 3,81/kg. Outro exemplo está no queijo muçarela: o preço do nacional caiu em julho para R$ 25,10/kg, mas mesmo assim está 27% acima do preço dos vizinhos, segundo a Confederação Nacional da Agricultura (CNA).
O secretário executivo do Ministério da Indústria e Comércio e Serviços, Márcio Elias Rosa, ressaltou que a partir de agosto do ano passado as importações brasileiras saltaram de 5 toneladas para 14 toneladas. Depois das medidas adotadas pelo atual governo em junho, as importações já teriam caído cerca de 25%, conforme Rosa.