Hospital do DF e pioneiro no Brasil atendeu mais de 2,5 mil espécies do Cerrado
Edição AgroDF
6 maio 2025
O Distrito Federal conta com uma instituição especializada em resgatar, acolher, recuperar animais silvestre lesionados e devolvê-los saudáveis ao meio ambiente. É o Hospital e Centro de Reabilitação da Fauna Silvestre do DF (Hfaus), o primeiro do gênero no país. Fundado em março de 2024, em pouco mais de um ano já tratou 2.511 animais silvestres. Entre os pacientes estão 1.554 são aves, 882 mamíferos e 75 répteis.
O hospital é vinculado ao Instituto Brasília Ambiental (Ibram), sendo gerido pela Sociedade Paulista de Medicina Veterinária (SPMV). Pioneiro no Brasil em tratamento integrado e especializado desses animais, o Hfaus é equipado com laboratórios, ultrassonografia, raio-X, tomografia e equipe de profissionais de diversas áreas. “Tudo para garantir a melhor reabilitação possível”, ressalta o biólogo Thiago Marques de Lima, coordenador do hospital.
O modelo de atendimento do HFaus foi desenvolvido respeitando o comportamento dos animais em seus habitats naturais, especialmente os que vivem no Cerrado. As espécies resgatadas são divididas em três grupos: mamíferos, répteis e aves. Conta ainda com alas separadas que evitam o estresse causado pela proximidade entre presas e predadores.

Os animais resgatados são atendidos por uma equipe multidisciplinar, formada por veterinários, biólogos e especialistas em outras atividades relacionadas à saúde de animais. Eles cuidam da saúde física, nutricional, comportamental e psicológica das espécies resgatadas.
Pacientes salvos
Um dos primeiros pacientes atendidos pelo hospital foi um tamanduá-bandeira, resgatado em junho de 2024 depois de ser atacado por cães no Park Way (DF). O animal quase teve a cauda amputada, mas sobreviveu após várias cirurgias. Após receber alta no fim de março, continuou a recuperação no Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas), parceiro do Hfaus. Ali o bicho passou por avaliação comportamental, que é uma etapa essencial antes da reintrodução à natureza.
No último sábado (3 de maio) mais um tamanduá-bandeira foi resgatado pelo Batalhão da Polícia Militar Ambiental (BPMA). Desta vez foi em Sobradinho (DF). O animal apresentava escoriações na cauda, pata e parte traseira. Suspeita-se que ele tenha sido atacado por cães após entrar em uma residência na região.
Outros casos ocorreram nas últimas semanas. Em Padre Bernardo (GO), um lobo-guará foi resgatado. Estava com uma das patas bastante lesionada e apresentava hemorragia interna. Os exames apontaram que o lobo foi vítima de alguma armadilha. “Ele chegou com um quadro de magreza severa, mas vem respondendo bem à cirurgia e ao acompanhamento clínico”, contou Thiago Lima.
Um cachorro-do-mato foi outro paciente atendido recentemente. Ele foi atropelado e estava com parasitas intestinais. O animal passou por vermifugação, tratamento dentário e está em processo final de recuperação.
O Ibram, órgão vinculado à Secretaria de Meio Ambiente do DF (Sema), recomenda aos moradores que não tentem socorrer diretamente um animal silvestre ferido. A orientação é acionar os órgãos parceiros do Hfaus, como o Batalhão da Polícia Militar Ambiental (telefone 190) e o Corpo de Bombeiros (193).