Direção da COP30 lança carta para defender que países cumpram o Acordo de Paris
10 março 2025
Redação AgroDF
O Brasil vai propor um “mutirão global” contra as mudanças do climáticas durante a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), que acontecerá em novembro em Belém (PA). A posição brasileira foi antecipada em carta aberta dirigida aos líderes dos países que participação da conferência, divulgada nesta segunda-feira (10) pelo embaixador André Correa do Lago e pela economista Ana Toni, respectivamente, presidente e diretora executiva da COP30.
Na carta, o embaixador apela aos países-membros da ONU que deixem para trás “a inércia, o individualismo e a irresponsabilidade” e reforcem os financiamentos às nações em desenvolvimento para atingir a meta de pelo menos US$ 1,3 trilhão por ano até 2035, conforme previsto pelo Acordo de Paris, tratado internacional aprovado em 2015.
“A mudança é inevitável – seja por escolha ou por catástrofe”, adverte a carta. “Se o aquecimento global não for controlado, a mudança nos será imposta, ao desestruturar nossas sociedades, economias e famílias. Se, em vez disso, optarmos por nos organizar em uma ação coletiva, teremos a possibilidade de reescrever um futuro diferente”.
Crítica ao negacionismo
A carta reforça que os países signatários devem colocar em prática o que foi acordado. “Devemos puxar de forma decisiva as alavancas de nossos processos, mecanismos e órgãos para alinhar os esforços dentro e fora da UNFCCC aos objetivos de longo prazo do Acordo de Paris relativos à temperatura, resiliência e fluxos financeiros”, afirmou o embaixador na carta.

Sem citar nominalmente nenhum país, André Lago critica o descaso das nações desenvolvidas em relação ao desembolso dos investimentos previstos, numa referência indireta aos Estados Unidos, que recentemente saiu do Acordo de Paris.
Diz a carta: “Ao aceitar a realidade e combater a catástrofe, o cinismo e o negacionismo, a COP30 deve ser o momento da esperança e das possibilidades por meio da ação – jamais da paralisia e da fragmentação. Devemos enfrentar a mudança do clima juntos e reativar nossas habilidades coletivas e individuais de resposta: nossas “responsa-habilidades””.
Conferência de Belém
O Acordo de Paris estabeleceu metas e ações a serem tomadas para enfrentar as mudanças climáticas. Para a direção brasileira da COP30, é necessário que as negociações se traduzam em resultados efetivos. A Conferência de Belém seria o ponto de negociação para avançar rumo a esses resultados, que continuam dependendo de várias ações dos países desenvolvidos.
Entre as pendências para o ambiente de negociação, a carta destaca a implementação do Balanço Global de Carbono (GST), mecanismo de transparência previsto no Acordo de Paris. A primeira versão desse balanço foi apresentada durante a COP28, em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. Com base no documento, os países precisam avançar na apresentação de suas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) e de seus Relatórios Bienais de Transparência.
Outra pendência destacada na carta foi a negociação sobre o programa de trabalho de transição justa (JTWP), que tratará dos temas mitigação, adaptação, financiamento, tecnologia e capacitação a partir da perspectiva de países mais vulneráveis.
A presidência da COP30 se comprometeu a entregar um Balanço Ético Global (Global Ethical Stocktake – GES, em inglês) para ouvir um grupo geograficamente diverso de pensadores, cientistas, políticos, líderes religiosos, artistas, filósofos, povos e comunidades tradicionais.