Produção, consumo e exportação podem ser reduzidos diante do avanço das queimadas
10 Setembro 2024
Redação AgroDF
As queimadas em vários estados brasileiros ameaçam a produção e, consequentemente, o consumo e a exportação de carne bovina brasileira, reduzindo a oferta e pressionando o aumento do preço. A avaliação é de economistas e técnicos de diversos órgãos especializados, como a Emater de Minas Gerais. O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), porém, ainda não tem um balanço sobre o efeito das queimadas na produção e no consumo de carne bovina, embora o governo brasileiro reconheça que o país registra o maior número de focos de incêndios florestais. São mais de 5,7 milhões de hectares queimados em sete meses, aumento de 92% em relação ao mesmo período de 2023.
O Ministério da Agricultura não fala sobre as consequências das queimadas sobre o mercado bovino. Prefere apresentar os números positivos da exportação de carne bovina no primeiro semestre deste ano, quando o setor alcançou o melhor resultado histórico. Nos seis primeiros meses de 2024, foram exportadas 1,29 milhão de toneladas, aumento de 27,3% comparado com o mesmo período de 2023 (1,019 milhão de toneladas). As exportações renderam US$ 5,69 bilhões, o que representa aumento de 17% em comparação ao primeiro semestre de 2023.
Em junho de 2024, foram exportadas 220.184 toneladas, movimentando US$ 953,09 milhões. O resultado, no entanto, é ligeiramente menor que nos dois meses anteriores, quando foi registrado recorde nos embarques, segundo a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec).
A China foi o país que mais importou carne bovina do Brasil em 2024, com 565.654 toneladas, totalizando US$ 2,5 bilhões, registrando aumento de 10,2% no volume comprado. Em seguida, os maiores exportadores foram: Emirados Árabes Unidos com 95 mil toneladas (aumento de 238% em relação ao primeiro semestre de 2023) ao custo de US$ 435 milhões; e Estados Unidos, com 5.395 toneladas (alta de 19,7%) e vendas de US$ 515 milhões. Na quarta posição está Hong Kong, que comprou 61 mil toneladas (alta de 10,6%) a US$ 196 milhões, seguido pelo Chile com 48.726 toneladas (aumento de 9,4%) e compras de US$ 229 milhões.
O efeito queimadas
As consequências dos incêndios nos pastos sobre o mercado bovino ainda não foram avaliadas oficialmente pelo governo brasileiro. Enquanto esses estudos não são concluídos nem divulgados, técnicos alertam: com a multiplicação dos focos de incêndio , as queimadas podem representar uma séria ameaça para os animais e trazer grandes prejuízos para o produtor, segundo o coordenador de Bovinocultura da Emater-MG, Manoel Lúcio Pontes Morais.
Para ele, no atual momento a prevenção é a melhor arma para combater o fogo e salvar os animais. “Como estamos vendo muitos casos de incêndio, o recomendado é o produtor fazer aceiros na beira de estradas e divisas de propriedade”, ensina. “E se tem um local que costuma pegar fogo todo ano, o melhor é não deixar os animais ali porque, caso aconteça um incêndio, o rebanho, na melhor das hipóteses, vai sofrer um imenso estresse e algum dano físico para arrebentar a cerca, podendo, se eles não conseguirem, até morrer todos cercados pelo fogo”, alertou Morais em nota ao Portal DBO, especializado em pecuária.
Além do aceiro, Morais recomenda aos pecuaristas atenção redobrada aos sinais de fumaça para que os animais sejam retirados da área ameaçada por incêndios. “Num caso de risco muito grande, o pecuarista deve planejar o pastejo diferido para piquetes mais distantes da divisa de estradas ou áreas de muito movimento”, explica. “Sempre buscar fazer uma limpeza nas beiras de estradas, catando pedaços de vidro ou qualquer outro material que possa gerar uma combustão”.