Menor consumo e apostas em “bets” estariam ajudando a desvalorizar a carne bovina
28 fevereiro 2025
Redação AgroDF
Enquanto o preço do ovo subiu 40% no início de 2025, diversas carnes bovinas ficaram mais baratas, entre elas, o filé mignon e a picanha e. É o que aponta pesquisa divulgada nesta quinta-feira (27) pela sAssociação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec).
Desde dezembro de 2024 vários cortes bovinos tiveram redução de preço, segundo a Abiec. O filé é mignon, que custava R$ 77 em dezembro de 2024, caiu para R$ 58 esta semana, representando uma redução de 24,73%. Já a picanha A teve queda de 24,8%, passando de R$ 72,19 para R$ 55 no mesmo período, enquanto a picanha B saiu de R$ 58,94 para R$ 45,00, com baixa de 21%.
Essas chamadas carnes nobres – ou cortes premium – foram os mais impactados, conforme a Abiec, que aponta uma possível retração na demanda de produtos bovinos de maior valor agregado. Mas as chamadas carnes de segunda – como acém, paleta e peito, classificados como dianteiros – também registraram queda de preço, com média de 17%, o que evidenciaria um ajuste generalizado nos preços.
Causas da redução de preço
Um dos fatores que explicariam essa redução é a maior oferta de fêmeas para abate, conforme Márcio Rodrigues, diretor de Comércio Exterior da Masterboi. “É um movimento sazonal; a carne das fêmeas é mais barata que a do boi”, explica.
Mas a tendência de queda também pode ser atribuída à redução no consumo interno, impulsionada pelo cenário econômico. Da mesma forma, a diminuição nos custos de produção e mudanças no mercado exportador também podem ter contribuído para a baixa nos preços. Paralelamente, o Brasil importa alguns cortes específicos, como picanha e bife de chorizo, o que impacta o mercado interno.
A redução da procura pode ter sido influenciada por outro importante e preocupante fator: o aumento das apostas em plataformas de jogos online (bets). Já foi identificado que esses jogos têm atraído boa parte da renda dos consumidores de todas as classes sociais.
Abate não cai
Apesar da queda nos preços da carte bovina, o Brasil segue abatendo mais e ampliando a oferta. “O país exporta cerca de 25% da produção total e, ainda assim, poderia estar consumindo mais internamente se as condições econômicas fossem mais favoráveis”, avalia Rodrigues.
Se a trajetória de queda se mantiver, os consumidores poderão se beneficiar com maior acesso à carne bovina. No entanto, para pecuaristas e frigoríficos, o cenário exigirá ajustes na produção e estratégias comerciais para garantir a rentabilidade do setor, segundo avaliação do portal Movimento Econômico, com base em dados da Abiec.