Boletim da Codeplan aponta queda, mas com as importações superando as exportações
25 novembro 2024
Redação AgroDF
O comércio exterior do Distrito Federal, no primeiro trimestre de 2024, “enfrentou um cenário desafiador, com quedas expressivas nas exportações e importações em setores chave, especialmente no de soja”. Em consequência, o saldo da balança comercial do DF “apresentou resultados deficitários, com as importações superando as exportações devido à contabilização das compras públicas do governo federal”.
É o que aponta o Boletim do Comércio Exterior do Distrito Federal, divulgado nesta segunda-feira (25) pelo Instituto de Pesquisa e Estatística do DF (IPEDF). Segundo o boletim, o DF registrou redução de 73,7% no déficit da balança comercial no primeiro trimestre de 2024, atingindo US$ 285,6 milhões, em comparação ao mesmo período de 2023.
“O cenário reflete uma desaceleração do comércio internacional do DF, com quedas significativas no valor das exportações e importações”, alerta o boletim. “A situação evidencia a vulnerabilidade do comércio exterior do DF, fortemente influenciado por fatores internos e externos”.
No mesmo documento, o IPEDF (antiga Codeplan) recomenda: “Para que o DF possa fortalecer sua posição no comércio internacional, será crucial desenvolver estratégias que promovam a diversificação das exportações e incentivem a competitividade das indústrias locais, garantindo um futuro mais resiliente e sustentável para sua economia”.
E alerta: “Para o próximo trimestre, espera-se uma estabilização dos preços internacionais e a desvalorização da moeda nacional em relação ao dólar americano, o que poderá afetar ainda mais a dinâmica do comércio exterior da região”.
Exportações caíram
O Boletim do Comércio Exterior informa que “no primeiro trimestre de 2024, as exportações do Distrito Federal totalizaram US$ 49,6 milhões, com queda nominal de 51,8% em comparação com o mesmo período de 2023. Em termos de volume, foram exportadas 49.715 toneladas líquidas, com redução de 45,6% em relação ao primeiro trimestre de 2023”.
Apenas cinco produtos se destacaram na pauta de exportações do DF, correspondendo a 92,3% do valor total exportado no trimestre. Três desses produtos são provenientes da avicultura, que juntos somaram US$ 31,3 milhões em vendas, respondendo por 63,2% do total exportado.
Esses produtos são: “pedaços e miudezas comestíveis de galos e galinhas congelados” (US$ 18,2 milhões em vendas); “carnes de galos e galinhas congeladas, não cortadas em pedaços” (US$ 8,8 milhões); “enchidos e produtos semelhantes de carne, de miudezas ou de sangue, e preparações alimentícias à base de tais produtos” (US$ 4,2 milhões)
Completando a pauta dos cinco produtos mais exportados pelo DF estão: a soja (mesmo triturada, exceto para semeadura), com valor total de US$ 10,1 milhões e participação de 20,5% na balança comercial; e o querosene de aviação, com vendas de US$ 4,4 milhões e participação de 8,9%.
Os resultados do primeiro trimestre também apontam que o DF vem tendo bom desempenho nas exportações de produtos específicos provenientes da zona rural. A capital é o terceiro maior exportador de sorgo para semeadura e de morangos frescos, além de ocupar a nona posição nas exportações de carnes congeladas de aves.
Por outro lado, o DF ainda tem participação limitada na exportação de produtos como soja e milho, considerados de grande relevância para a economia brasiliense.
O instituto lembra que o DF responde por apenas 0,1% das exportações e 0,6% das importações brasileiras.
Importações aumentam
No cálculo das importações do DF, o instituto leva em conta as compras realizadas pelo Governo Federal mesmo quando bens e serviços importados são destinados a outros estados. “Dessa forma, embora os produtos não sejam necessariamente consumidos no DF, eles são contabilizados como importações na região”, explica o boletim.
No primeiro trimestre de 2024, segundo o IPEDF, as importações realizadas pelo DF somaram US$ 335,1 milhões e 56.784. Em comparação com o mesmo período de 2023, houve redução de 71,8% no valor e aumento de 10,3% do volume importado.
Cerca de 75% das importações do DF são compostas por cinco produtos imunológicos e medicamentos. Apenas os produtos imunológicos importados somaram quase US$ 130 milhões. A Alemanha liderou as vendas para o DF, somando cerca de US$ 66 milhões, correspondendo a 19,7% do total importado pela capital brasileira.
A pauta de importações do DF é complementada por produtos diversificados, que representam 0,8% do valor total importado no trimestre. Entre eles, destacam-se vinhos, artefatos têxteis, carnes de suíno, preparações capilares e pincéis. Esses itens registraram variações positivas tanto em valor quanto em quantidade.
Um dos produtos mais importados foi a carne suína, com crescimento expressivo de 267,8% no valor das importações, o que indica mudança nas tendências de consumo e comércio do DF.
A importância do boletim
Em entrevista à Agência Brasília, a coordenadora de Análise Econômica e Contas Regionais do IPEDF, Adrielli Dias, ressaltou ser essencial aproveitar as oportunidades reveladas no boletim: “Compreender a dinâmica do comércio exterior do DF é fundamental para orientar estratégias de integração internacional, buscando ampliar a competitividade em nichos específicos e superar os desafios estruturais para diversificar a pauta comercial”.
Já a diretora de Estatística e Pesquisas Socioeconômicas do instituto, Francisca Lucena, destacou o papel estratégico do levantamento: “O boletim reforça nosso compromisso de fornecer informações relevantes para tomada de decisões estratégicas no âmbito do DF e será uma ferramenta útil para compreender a posição da capital federal no comércio internacional”.
SAIBA MAIS
Para conhecer o boletim completo, acesse: https://ipe.df.gov.br/