Caesb transforma esgoto tratado em fertilizante orgânico, distribuído para pequenos agricultores do DF
30 setembro 2024
Redação AgroDF
O esgoto coletado e tratado pela Companhia Ambiental de Saneamento do Distrito Federal (Caesb) está sendo transformado em fertilizante orgânico, que é distribuído a mais de 200 famílias de agricultores para adubar o solo, melhorar a qualidade das lavouras e aumentar a produção de pequenas propriedades rurais do DF e região do Entorno.
A produção de fertilizante natural começou em 2021. Atualmente, a Caesb produz cerca de 400 toneladas por dia. Por ano, a produção chega a mais de 146 mil toneladas. Em quase quatro anos, mais de 700 mil toneladas já foram produzidas e distribuídas, segundo a Gerência de Operação da Caesb para as bacias dos rios Melchior e Alagado.
Processo de transformação
O gerente de operações das bacias, Cristiano Mano, explica que o adubo produzido é resultado de técnica que transforma o esgoto em material biossólido, massa de lodo rica em nutrientes para o solo. O processo de transformação começa com a remoção de resíduos sólidos e impurezas do esgoto que chega às estações de tratamento da Caesb. Lixo, detritos e areia, por exemplo, são encaminhados para o Aterro Sanitário de Brasília. O restante é tratado.
Após a remoção dos resíduos, o esgoto passa por uma etapa biológica, onde micro-organismos anaeróbios (bactérias que não precisam de oxigênio para viver e crescer) e aeróbios (que precisam de oxigênio) realizam duas fases de depuração, extraindo elementos dissolvidos, como fósforo e nitrogênio, que são incorporados ao lodo.
O lodo resultante do processo vai para o decantador, onde é separado do líquido tratado — que é liberado no rio —, e o excesso de água é removido. Esse lodo úmido é transportado em caminhões até o pátio de secagem, onde é exposto ao sol e ao vento.
As condições climáticas do DF, especialmente durante a estiagem, favorecem a secagem do material. Durante o processo de secagem, são eliminados micro-organismos patogênicos, que causam doenças em seres humanos, animais ou plantas, por meio de contaminação do ar, alimentos ou de pessoa para pessoa. Com a eliminação desses micro-organismos, o lodo pode ser usado como adubo.
Bom para todos
“O lodo produzido pela Caesb é um material rico em minerais adequados para uso no solo”, garante Cristiano Mano. “Com ele, o produtor não precisa comprar outros insumos, basta usar esse fertilizante, que é gratuito e de alta qualidade”.
Além de ajudar o homem do campo, que recebe e usa o fertilizante natural, o meio ambiente também é beneficiado, pois o solo passa a ser enriquecido com material que não prejudica a natureza ao contrário dos fertilizantes químicos, conforme a Caesb.
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A Fazenda Barreiras, no município Cidade Ocidental (GO), é uma das propriedades rurais que usam o fertilizante da Caesb. Há três anos, o lodo é empregado para enriquecer as plantações de milho, soja e feijão da fazenda, reduzindo os custos de produção, inclusive com a diminuição de fertilizantes químicos.
“Com esse material na fazenda, nós vimos que a produtividade melhorou bastante porque a gente diminuiu o químico e as terras responderam melhor”, afirma Luciano Sousa (29 anos), gerente da Barreiras.
O agricultor relata ainda: “O milho responde muito bem, a planta fica mais bonita, você vê pelas folhas da planta, fica incrível na lavoura. O resultado é visível mesmo”.