DESTRUIÇÃO RECORDE NO CERRADO

No período da seca, as queimadas potencializam a destruição do Cerrado - Foto: Nilmar Lage/Greenpeace

Área desmatada chega a 7.015 km², enquanto na Amazônia foi de 4.314 km² em um ano

8 Agosto 2024
Redação AgroDF 

 O desmatamento no Cerrado bateu recorde entre agosto de 2023 e julho de 2024. A área devastada foi de 7.015 km². É maior do que a cidade de Macapá (AP) e bem superior à área destruída na Amazônia, que no mesmo período foi de 4.314,76 km², segundo divulgou o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) na quarta-feira (7).

Os números do Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter) confirmam a tendência apontada em relatórios anteriores: enquanto o desmate cai na Amazônia, cresce no Cerrado. Em 2023, 1.110.326 hectares foram desmatados no Cerrado, aumento de 68% em relação a 2022, de acordo com dados do Relatório Anual de Desmatamento (RAD) do MapBiomas.

Esse relatório aponta que em 2023 o Cerrado foi responsável por 61% do desmatamento no país, enquanto a Amazônia respondeu por 25%. No caso da Amazônia, houve queda de 45,7% do total da área desmatada em relação a agosto de 2022 a julho de 2023, quando atingiu 7.952 km².

Ambientalista apontam o avanço do cultivo da soja como o principal fator do crescimento do desmatamento no Cerrado, que hoje é a maior fronteira para a produção de mercadorias agrícolas do país. “A gente vê no bioma o avanço do cultivo de soja acompanhado pelo desmatamento, especialmente na região do Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia)”, aponta Bianca Nakamato, especialista de Conservação do WWF-Brasil.

Queimadas na época da seca

Na época da seca, outro problema ameaça o Cerrado: as queimadas. “Apenas em julho, mais da metade das queimadas ocorreram na fronteira agrícola, particularmente no Maranhão e em Tocantins”, afirma Nakamato.

Entre os quatro estados da Matopiba, apenas a Bahia apresentou redução no desmatamento de agosto de 2023 a julho de 2024, com queda de 52,4%. Em contraste, houve aumentos de 58,6% no Tocantins, 31% no Maranhão e 14,7% no Piauí, segundo o Inpe.

Para Márcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima, o Governo Federal foi eficaz no combate ao desmatamento na Amazônia, mas falhou em controlar a destruição no Cerrado. Astrini entende que as autorizações de desmatamentos, concedidas pelos governos estaduais, contribuem para aumentar a destruição tanto no Cerrado quanto na Amazônia. “É uma tarefa árdua para os setores que trabalham para reduzir esses números, manter os índices atuais ou diminuí-los ainda mais”, lamenta.

Com informações do G1
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