Presidente reúne ministros e traça plano para conter alta de produtos como arroz e feijão
14 Março 2024
Redação AgroDF
Hoje, pela segunda vez neste ano, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reuniu com ministros da área econômica para discutir estratégias que possibilitem a redução de preços dos alimentos, especialmente os que compõem a cesta básica, como arroz e feijão. O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) prevê que nas próximas semanas o preço do arroz vai cair em torno de 20%. Novas medidas de incentivo à produção agrícola devem ser anunciadas pelo governo nos próximos dias.
A inflação brasileira foi de 0,83% em fevereiro, impulsionada pelos preços do grupo Alimentação e Bebidas, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) com base nos dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) do mês passado. Os produtos que apresentaram maior alta de preços foram: cebola (7,37%), batata-inglesa (6,79%), frutas (3,74%), arroz (3,69%) e o leite longa vida (3,49%).
Chuvas prejudicam
O governo atribuiu a alta às mudanças climáticas, como temperaturas elevadas e maior volume de chuvas em todas as regiões do país, prejudicando a produção de alimentos e, consequentemente, a elevação dos preços. Foi o que ocorreu no Rio Grande do Sul, que produz 85% do arroz consumido no Brasil. Por causa das chuvas, a colheita naquele estado caiu, mas já está voltando à normalidade, conforme o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro. A safra gaúcha de arroz já teria atingido 10% e o preço da saca ao produtor caído de R$ 120 para R$ 100.
O governo, segundo Fávaro, espera que a queda nos preços também chegue aos supermercados, “que é onde as pessoas compram”. Com o avanço da colheita do arroz, que deve chegar a 60% nos próximos dias, a expectativa do governo é que “esse preço ceda ainda mais”, conforme o ministro.
Fávaro lembrou que houve também houve queda na produção de feijão em cerca de 3,5%, mas que deve ser recuperada com o terceiro ciclo de plantio, que está acontecendo agora. O preço do trigo também deve melhorar uma vez que vem aumentando a produção de cevada, especialmente no Paraná, onde grandes indústrias cervejeiras estão se instalando. A cevada substitui o trigo na fabricação de cerveja.
Incentivo à produção
Uma das estratégias discutidas com Lula é promover mudanças no Plano Safra 2024/25 para incentivar a produção de alimentos – em especial de arroz, feijão, milho, trigo e mandioca -, o que levaria à redução de preço desses produtos. A descentralização da produção seria uma das medidas, segundo o ministro da Agricultura. Citou como exemplo, o Mato Grosso, onde a área plantada de arroz para a segunda safra aumentou 20%.
Hoje, conforme o ministro, o Brasil é quase autossuficiente da produção de arroz, mas o cultivo está concentrado no Sul do país. Então, quando a gente estimula o plantio de segunda a safra do Centro-Oeste, do Matopiba [região produtora entre os estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia], estamos incentivando a ter arroz perto desses centros consumidores”, explicou.
O governo também estuda outras medidas, como a facilitação de crédito, a formação de estoques públicos, adoção de política de preço mínimo e maior incentivo à agricultura familiar. “Se com essas medidas estruturantes os preços não baixarem, nós podemos tomar outras medidas governamentais que serão estudadas pela equipe econômica”, acrescentou Fávaro, explicando que, assim como os agricultores familiares, os grandes produtores do agronegócio também serão atendidos. As novas medidas serão anunciadas nos próximos dias, segundo o ministro.
Além de Fávaro, participaram da reunião com Lula os ministros Fernando Haddad (Fazenda), Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar), Rui Costa (Casa Civil) e o presidente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Edegar Pretto.