A estimativa é da ONU, que em relatório sobre insegurança alimentar diz que um em cada dez brasileiros não tem o que comer
2 Setembro 2023
Redação AgroDF
A Organização das Nações Unidas (ONU) estima que 70,3 milhões de brasileiros (32,8% da população do Brasil) passam por situação de insegurança alimentar grave, severa ou moderada. Estima também que um em cada dez brasileiros (9,9%) passa fome. A estimativa está no relatório “O Estado de Segurança Alimentar e Nutrição no Mundo”, elaborado por cinco agências especializadas da ONU e divulgado em 6 de junho de 2022. O relatório serviu de referência para a criação do Plano Brasil Sem Fome, lançado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva na quinta-feira (31), em Teresina (PI)
A população brasileira em situação de insegurança alimentar grave aumentou de 3,9% milhões (1,9%) entre 2014 e 2016 para 15,4 milhões (7,3%) entre 2019 e 2021, segundo o relatório da ONU. Já a população em situação de insegurança alimentar moderada subiu de 37,5 (18,3%) milhões de pessoas entre 2014 e 2016 para 61,3 milhões (28,9%) entre 2019 e 2021, conforme a ONU.
Crise na pandemia
Já o 2º Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia de Covid-19 no Brasil, divulgado em 2022 pela Rede Penssan, apontou que 33,1 milhões de pessoas não tinham garantido o que comer — o que representa 14 milhões de novos brasileiros em situação de fome. Conforme o estudo elaborado pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede PENSSAN), mais da metade (58,7%) da população brasileira convive com a insegurança alimentar em algum grau: leve, moderado ou grave.
O Brasil havia saído do Mapa da Fome da ONU em 2014 depois que foram adotadas estratégias de segurança alimentar e nutricional, aplicadas em durante a década de 1990. O país voltou ao Mapa em 2015. A situação piorou a partir de 2020 por causa da pandemia da Covid-19, que por dois anos afetou o mundo.
Obsessão contra a fome
No lançamento do Plano Brasil Sem Fome, em discurso emocionado o presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou: “Eu tenho obsessão de lutar contra a fome, fazer a economia brasileira crescer, gerar emprego de qualidade para as pessoas. Não tem nada mais sagrado que uma mãe colocar sua família em torno da mesa e ter comida farta, para a pessoa comer até encher o bucho”.
O ministro do Desenvolvimento Social, Wellington Dias, reforçou o pronunciamento do presidente: “Nós vamos, de novo, tirar o Brasil do Mapa da Fome. A partir desse governo, vamos estar acompanhando um conjunto de ações para, ano a ano, reduzir a pobreza no Brasil”.
A presidente do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea), Elisabetta Recine, completou, referindo-se ao Plano Brasil Sem Fome: “Não se acaba com a fome com um programa e uma ação. Se acaba com a fome com um compromisso coletivo de governo. E não só o governo federal. É governo estadual e governo municipal. E nós, sociedade civil, temos a responsabilidade de acompanhar, passo a passo, as ações deste plano”.
O Consea foi criado no início da década de 90 no Governo de Itamar Franco. Foi extinto em 2019 pelo então presidente Jair Bolsonaro. A reinstalação do Consea foi uma das primeiras medidas do atual Governo Lula. O conselho é tido como principal instrumento de interlocução da sociedade civil com o governo federal, tendo representações em todos os estados e no Distrito