O peixe mais consumido no Brasil pode entrar para a lista de espécies exóticas invasoras
Redação AgroDF
23 outubro 2025
A tilápia, o peixe mais consumido no Brasil, por ser uma espécie exótica deve ou não banida do país? É essa a polêmica que está envolvendo governo, produtores e consumidores depois que foi anunciado que uma nova lista de Espécies Exóticas Invasoras está sendo elaborada pela Comissão Nacional de Biodiversidade (Conabio). Caso a tilápia entre na lista, sua criação pode sofrer restrições para proteger as espécies nativas. Essas possíveis restrições preocupam o mercado, levando o governo a reagir.
Nesta segunda-feira (21), o Ministério do Meio Ambiente (MMA), em nota à imprensa, afirmou que não há, no âmbito do Governo Federal, “qualquer proposta ou planejamento” para interromper o cultivo e a comercialização da tilápia no Brasil. Mas confirma que “está sendo amplamente debatida” a inclusão desse peixe numa nova lista de Espécies Exóticas Invasoras.
Espécies exóticas
O Brasil possui inúmeras espécies exóticas, tanto as que causam danos como as que são cultivadas ou não provocam problemas. Espécies exóticas invasoras representam uma grande ameaça ambiental, como o javali, o mexilhão-dourado, o peixe-leão e o mosquito da dengue. Já espécies exóticas cultivadas e estabelecidas, como a soja, o café e a mangueira, têm grande importância econômica, tendo a produção estimulada.
Para proteger a biodiversidade, as espécies exóticas invasoras sofrem medidas restritivas relacionadas à sua introdução, comercialização, criação e controle. Cabe ao governo adotar medidas para prevenir e minimizar os impactos ambientais, econômicos e sociais causados por essas espécies.
No caso da tilápia, esta espécie tem grande valor econômico, mas não deixa de ser exótica. O MMA, na nota, esclarece que a criação de tilápia está garantida pelo Ibama, instituto que autoriza a criação de espécies exóticas. Ressalta ainda que a inclusão de uma espécie na lista de exóticos não implica em banimento.
Eis a íntegra da nota do Ministério do Meio Ambiente.
“O Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) informa que está em análise, pela Comissão Nacional de Biodiversidade (CONABIO), a nova Lista Nacional de Espécies Exóticas Invasoras.
O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), autarquia responsável pela autorização de cultivo de espécies exóticas na aquicultura, permite a criação da tilápia, que grande relevância econômica e cultivo amplamente consolidado no Brasil. Não há, portanto, qualquer proposta ou planejamento para interromper essa atividade.
É importante destacar que a inclusão de uma espécie na lista tem caráter técnico e preventivo, não implicando banimento, proibição de uso ou cultivo. O reconhecimento de espécies exóticas com potencial de impacto sobre a biodiversidade nativa serve como referência técnica para políticas públicas e ações de prevenção e controle.
A eventual inclusão da tilápia na nova lista está sendo amplamente debatida na comissão quanto à prevenção, detecção precoce e resposta rápida em caso de novas invasões biológicas. A avaliação é conduzida de forma colegiada por todos os membros da CONABIO, que reúne representantes de diversos setores do governo e da sociedade.
Integram a CONABIO o MMA e outros onze ministérios, além de autarquias e representantes dos setores produtivo da agricultura, pecuária e indústria, órgãos estaduais e municipais de meio ambiente, universidades e institutos de pesquisa, agricultura familiar, trabalhadores agroextrativistas, pescadores artesanais, povos indígenas e povos e comunidades tradicionais, organizações não governamentais ambientalistas e redes de juventude pela biodiversidade.”
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