BNDES aprova R$ 150 milhões do Fundo Amazônia para atender Cerrado e Pantanal
Edição AgroDF
20 julho 2025
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) anunciou a destinação de até R$ 150 milhões em recursos do Fundo Amazônia para o projeto Manejo Integrado do Fogo. Os recursos não reembolsáveis vão financiar ações de prevenção e combate a incêndios florestais nos biomas Cerrado e Pantanal. Esta é a primeira vez que o BNDES destina recursos do fundo da Amazônia Legal para combater incêndios em outros biomas.
O Fundo Amazônia é gerido pelo BNDES, sob coordenação do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA). Já o projeto Manejo Integrado do Fogo é uma ação interministerial, coordenada pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública. Por meio do projeto, são apoiadas operações do Corpo de Bombeiros Militar e brigadas florestais do Distrito Federal, Bahia, Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e Piauí, além de ações da Força Nacional de Segurança Pública.
O objetivo é ampliar a capacidade de resposta diante do agravamento dos incêndios florestais registrado em 2024 e da previsão de novos episódios extremos para este ano. No Distrito Federal, por exemplo, não chove há 58 dias em Brasília e há 80 dias na Estação Ecológica de Águas Emendadas, reserva ambiental do DF, onde estão as nascentes de bacias hidrográficas diferentes: a do Tocantins/Araguaia e a Platina. Essa estação é uma das mais importantes reservas naturais do Cerrado.
Níveis operacionais
O projeto Manejo Integrado do Fogo está dividido em três níveis operacionais: local, estadual e interestadual. No nível local, serão apoiadas brigadas florestais formadas por moradores treinados e cadastradas pelos bombeiros militares, consideradas a primeira linha de defesa contra o fogo. Na escala estadual, o foco é estruturar o Corpo de Bombeiros com veículos e equipamentos. Já no nível interestadual, o projeto fortalece a atuação da Força Nacional em operações integradas.
Cada estado apoiado deverá formalizar parceria com o Ministério da Justiça, comprometendo-se a utilizar os bens exclusivamente em ações de prevenção e combate ao fogo e garantir a conservação dos equipamentos.
Os investimentos incluem caminhonetes 4×4 com kits de combate a incêndios, bombas costais, sopradores, drones, GPS portáteis, notebooks e veículos especializados como auto bomba tanque florestal (ABTF), caminhão-tanque e salvamento, guinchos e veículos de carga.
Resposta emergencial
O presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, em nota, justificou a destinação dos recursos: “O avanço dos incêndios florestais e das queimadas não autorizadas em biomas como o Cerrado e o Pantanal tem exigido uma resposta emergencial e integrada do Estado brasileiro”.
Mercadante lembrou que, em 2024, “o país enfrentou um cenário crítico e atípico de fogo, com impactos sobre a vegetação nativa, sobretudo no Pantanal, na Amazônia e no Cerrado”. No Cerrado, segundo ele, foram 9,7 milhões de hectares queimados em 2024; e no Pantanal, 1,9 milhão de hectares. “Sob orientação do presidente Lula, estamos ampliando as ações de monitoramento e controle de incêndios florestais e queimadas”, ressaltou Mercadante.
A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, também em nota, acrescentou que, com esses recursos, serão potencializadas as ações de prevenção e combate aos incêndios no Cerrado e no Pantanal. “O apoio do Fundo Amazônia será determinante para que as unidades do Corpo de Bombeiros dos estados que abrigam esses biomas sejam capacitadas e equipadas com caminhões-tanque e bombas costais, por exemplo, e possam atuar em conjunto com o governo federal no controle dos incêndios”, ressaltou.
“Para que o Brasil tenha uma governança do fogo à altura dos desafios impostos pela mudança do clima, é crucial que todos os entes federativos estejam fortalecidos em suas capacidades para cumprir com suas atribuições, de acordo com a Política Nacional de Manejo Integrado do Fogo”, defende Marina.
O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, divulgou nota sobre as ações de combate às queimadas: “Vamos seguir protegendo nossos biomas em um esforço conjunto, com inteligência compartilhada e integração do governo federal e suas forças, como Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal e Força Nacional, com o Corpo de Bombeiros e com as brigadas florestais dos estados”. Disse ainda: “Temos uma ação concreta, que é o projeto de lei elaborado pelo ministério, que torna mais rigorosa as penas em caso de incêndios criminosos e que está em tramitação no Congresso Nacional”.