CNA calcula que o setor deixará de exportar US$ 5,8 bilhões por ano
Redação AgroDF
1º agosto 2025
US$ 5,8 bilhões de dólares por ano. Esse é o tamanho do prejuízo que o agronegócio brasileiro deve sofrer diante do tarifaço imposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, aos produtos exportados pelo Brasil para o mercado norte-americano. A estimativa é da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). Já a Fundação Getúlio Vargas (FGV) avalia que as regiões Norte e Nordeste serão as mais atingidas pela taxa de 50% aos produtos brasileiros, que começa a vigora no dia 6 de agosto.
O tarifaço de Trump poupou quase 700 produtos, mas os que foram taxados terão grandes prejuízos – alguns mais, outros menos, segundo a CNA. Os estados exportadores serão impactados de forma diferenciada, conforme a FGV. Esse impacto vai depender, por exemplo, do quanto as exportações para os Estados Unidos representam para a economia de cada estado, do tipo de bem que é exportado e até do nível de qualificação da mão de obra.
Dos produtos taxados, instituições representantes do agronegócio brasileiro destacam algumas mercadorias que sofrerão maior impacto negativo. É o caso da carne bovina e do sebo bovino, cujas exportações devem sofrer, respectivamente, queda de 47% e 50%, segundo a CNA. Os estados que mais exportam carne bovina são: Mato Grosso, São Paulo e Goiás.
Os Estados Unidos são o segundo maior comprador da carne brasileira. Somente em 2024, foram vendidas para o mercado norte-americano cerca de 230 mil toneladas, com faturamento de US$ 1,35 bilhão. A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec) estima que o setor sofrerá perda de U$ 1 bilhão ao ano.
Os riscos de cada região
A Fundação Getúlio Vargas mediu os possíveis efeitos sociais e econômicos negativos nas cinco regiões brasileiras, em graduações que vão de baixo a muito alto. Veja a classificação de cada região.
Nordeste: Risco alto e muito alto. Motivo: concentração de mão-de-obra e a pauta de exportação fortemente composta por produtos primários, como frutas, peixe e camarão.
Norte: Risco alto. Motivo: além de produtos vegetais, exporta de eletrônicos a motocicletas. Neste caso, atingiria o Polo Industrial de Manaus, mas apenas 1,5% da produção da Zona Franca de Manaus é destinada à exportação.
Sul: Risco Médio. Motivo: pauta de exportação diversificada, indo de móveis a carnes suína e de aves.
Sudeste: Risco de baixo a médio. Motivo: concentra boa parte de suas exportações em produtos que vão de avião, café e suco de laranja. Além disso, é uma região mais industrializada e alguns de seus principais produtos saíram da lista do tarifaço.
Centro-Oeste: Risco baixo. Motivo: a região exporta carnes, grãos e minérios, e os países parceiros comerciais são mais diversificados.
A Fundação Getúlio Vargas recomenda aos estados mais afetados buscar novos mercados, enquanto defende que o governo brasileiro adote políticas de incentivo diferentes para cada região. O Ministério da Fazenda promete para breve o anúncio de um pacote de medidas emergenciais para atender os setores do agronegócio e da indústria mais afetado pelo tarifaço de Trump.