Estados Unidos passam a cobrar 50% sobre as exportações do Brasil
Redação AgroDF
6 de agosto 2025
A partir deste 6 de agosto, 35,9% das mercadorias brasileiras vão ficar 50% mais caras para entrar nos Estados Unidos. É o tarifaço determinado pelo presidente Donald Trump, que entrou em vigor nesta quarta-feira, atingindo 4% das exportações brasileiras para o mercado norte-americano. Café, carnes, frutas e etanol são alguns dos produtos taxados. Cerca de 700 produtos ficaram de fora da lista do tarifaço.
O tarifaço chega sem que o governo brasileiro tenha anunciado o prometido plano emergencial para socorrer os setores mais atingidos, como o agronegócio e a indústria. O Ministério da Fazendo vem informando que o pacote de ajuda sairá ainda nesta semana. Diversas medidas estão sendo analisadas, como linhas especiais de crédito, isenção de impostos, direcionamento para outros mercados e, inclusive, a compra, pelo governo federal e pelos governos estaduais, de alimentos cuja exportação para os Estados Unidos tornaram-se inviáveis – é o caso das frutas.
A taxação imposta por Trump não tem justificativa econômica, embora ele alegue que medidas adotadas pelo governo brasileiro estariam prejudicando as “big techs” norte-americanas, entre elas o Google (Alphabet) e o Facebook (Meta). Analistas políticos e econômicos, inclusive do próprio EUA, apontam que a decisão é uma chantagem política para beneficiar o ex-presidente Jair Bolsonaro, réu em julgamento que corre no Supremo Tribunal Federal (STF), cujo ministro-relator Alexandre de Moraes vem sofrendo retaliações do governo Trump.
Soberania é inegociável
O governo brasileiro tem buscado soluções diplomáticas, propondo negociações bilaterais de caráter essencialmente comercial e sem admitir que na pauta de possível acordo entre qualquer item que interfira na soberania nacional, como a anistia aos réus que atentaram contra a democracia do Brasil.
Em nota publicada no dia 30 de julho, escreveu o presidente Luiz Inácio Lula da Silva: “O Brasil é um país soberano e democrático, que respeita os direitos humanos e a independência entre os Poderes. Um país que defende o multilateralismo e a convivência harmoniosa entre as Nações, o que tem garantido a força da nossa economia e a autonomia da nossa política externa. É inaceitável a interferência do governo norte-americano na Justiça brasileira”.
Principais produtos taxados
Carnes – As carnes brasileiras vão ficar mais caras nos Estados Unidos. As exportações de carne bovina, frango e porco foram afetadas. No primeiro semestre de 2025, o Brasil exportou cerca de 181 mil toneladas de carne bovina para os Estados Unidos. Este volume representa aproximadamente 12% do total de exportações de carne bovina brasileira. Em fevereiro, o Brasil havia batido recorde de exportação do produto, sendo os Estados Unidos e a China os principais compradores. Juntos, os dois países consumiram mais da metade de todas as vendas.
Café – Em 2024, o Brasil exportou 8,13 milhões de sacas de 60 kg de café para os EUA. Isso equivale a aproximadamente 487.800 toneladas. Os EUA são o maior comprador do café brasileiro. Cafeicultores do Brasil tentam reduzir a taxação ou até mesmo excluir o café do tarifaço. A China já autorizou novas 183 empresas brasileiras a exportar café para aquele país.
Frutas tropicais
O Brasil exporta anualmente 77 mil toneladas de frutas para os Estados Unidos. A fruta brasileira mais comprada pelo EUA é a manga. Para 2025 estava prevista a exportação de 48 toneladas da fruta para o mercado norte-americano. Outras frutas brasileiras apreciadas nos EUA e prejudicadas pelo tarifaço são: açaí, abacaxi, mamão papaya, manga, abacate, lima e limão.
Etanol
Este é o produto brasileiro que recebeu a maior taxação dos Estados Unidos: 52,5%. O valor é resultado da soma do imposto original de 2,5%, mais os 10% sancionados por Trump em abril e os novos 40% aplicados a partir de 6 de agosto.