Governadores anunciam linhas de crédito para minimizar efeitos do tarifaço
Redação AgroDF
23 julho 2025
Os governadores dos principais estados a serem atingidos pelo tarifaço aos produtos brasileiros determinado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, começam a preparar medidas para socorrer setores que serão afetados pela taxação, principalmente no agronegócio. Essas medidas seguem a linha do “plano de contingência” anunciado na segunda-feira (21) pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que prevê subsidiar as empresas que serão mais prejudicadas pelo tarifaço.
As medidas do plano federal incluem a criação de linhas emergenciais de crédito e a criação de um fundo específico para empresas afetadas pela crise. Esse fundo seria abastecido com crédito extraordinário (fora das regras fiscais) e usado como lastro para operação de crédito, visando a reduzir a taxa de juros.
Acompanhando essa estratégia, os governadores Tarcísio de Freitas (São Paulo), Ronaldo Caiado (Goiás) e Romeu Zema ( Minas Gerais) já anunciaram a abertura de linhas de crédito para atender os exportadores e empresas de seus respectivos estados.
Já os governadores Cláudio Castro (Rio de Janeiro), Renato Casagrande (Espírito Santos) e Eduardo Leite (Rio Grande do Sul) anunciaram a criação de grupos de trabalho para apresentar, ainda nesta semana, medidas que podem vir a ser adotadas para atenuar os efeitos do tarifaço.
O governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, teria iniciado consultas ao Fórum Nacional de Governadores para que seja criada uma comitiva que teria a missão de ir a Washington negociar a suspensão ou o adiamento do tarifaço. A comitiva, falando em nome dos governadores brasileiro, apresentaria suas demandas ao próprio presidente Donald Trump, argumentando que o tarifaço pune quem trabalha e produz, e não aqueles que motivaram a medida. Essa informação é atribuída à vice-governadora Celina Leão pela coluna “Diário do Poder”. O Palácio do Buriti até a manhã desta quarta-feira (23) não confirmou nem desmentiu a informação.
AS PROPOSTAS DOS GOVERNADORES
Eis o que anunciaram os governadores de São Paulo, Goiás e Minas Gerais.
TARCÍSIO DE FREITAS
Governador de São Paulo
O governador paulista anunciou que vai disponibilizar R$ 200 milhões para empresas exportadoras instaladas em São Paulo por meio da Linha Giro Exportador. Essa linha de crédito oferecerá taxas a partir de 0,27% ao mês + IPCA; prazo de até 60 meses para pagamento; carência de até 12 meses (inclusa no prazo total); e limite de financiamento de até R$ 20 milhões por cliente. “Vamos fazer uma grande entrega de crédito de ICMS, uma grande devolução de crédito, para ver se a gente consegue abastecer essas empresas com recurso financeiro, para que elas possam passar por esse período mais crítico”, anunciou ainda Tarcísio.
RONALDO CAIADO
Governador de Goiás
O governador goiano anunciou a criação de uma linha de crédito especial voltada ao setor agroindustrial. Os juros seriam inferiores a 10% ao ano, abaixo dos 15% ao ano da Selic, a taxa básica fixada pelo Banco Central (BC), referência mínima para os empréstimos de mercado. Os créditos devem totalizar pelo menos R$ 628 milhões, segundo o governo goiano. Em contrapartida, as empresas que tomarem os empréstimos deverão manter os empregos durante o período de acesso ao crédito. Caiado apresentou outras três alternativas para atender o empresariado goiano. A primeira é o Fundo Creditório, criado para apoiar os segmentos da economia goiana que mais exportam para os Estados Unidos. Nesta modalidade são previstos R$ 314 milhões em créditos de ICMS e R$ 314 milhões provenientes de apoiadores do mercado financeiro que queiram aportar no fundo. A segunda é o Fundo de Equalização para o Empreendedor (Fundeq) para subsidiar o pagamento de encargos em operações de crédito. E a terceira é o Fundo de Estabilização Econômica do Estado de Goiás, uma reserva financeira que pode ser usada em momentos de crise econômica para garantir a continuidade de serviços essenciais.
ROMEU ZEMA
Governador de Minas Gerais
O governador mineiro anunciou a criação de linha de créditos emergenciais pelo Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG). Essa linha atenderá prioritariamente micro e pequenas empresas. Estuda-se também adotar linhas de crédito na área tributária. O governo mineiro anunciou ainda que pretende abrir diálogo com o setor produtivo para entender as necessidades e formular ações mais eficazes.