Efeitos climáticos encolheram a produção brasileira em 7,2% em relação a 2023
14 janeiro 2025
Redação AgroDF
A safra agrícola brasileira de 2024 encolheu 7,2% em relação à safra de 2023. No ano passado, o Brasil produziu de 292,7 milhões de toneladas de cereais, leguminosas e oleaginosas. Foram 22,7 milhões de toneladas a menos do que em 2023, quando foram produzidas 315,4 milhões de toneladas. Os números são do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA), divulgado nesta terça-feira (14) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Apesar do recuo na produção, o levantamento aponta que a área colhida em 2024 alcançou 79 milhões de hectares, crescimento de 1,6% em relação a 2023. Isso representa uma área colhida 1,2 milhão de hectares maior, significando que, além da produção, caiu também a produtividade da safra.
A queda da produtividade pode ser atribuída a questões climáticas, segundo o gerente de agricultura do IBGE, Carlos Guedes. “Houve atraso no plantio da soja por problemas climáticos, principalmente nas regiões Centro-Oeste e Sul”, explica Guedes. “Houve excesso de chuvas no Sul do país, com as enchentes no Rio Grande do Sul, que destruíram algumas lavouras de arroz, soja e milho primeira safra (o cereal tem duas safras anuais). Isso sem contar as altas temperaturas e poucas chuvas na 2ª safra, afetando o milho e o trigo”.
O LSPA é uma estimativa mensal do IBGE para a área plantada e a produção agrícola brasileira. Esta foi a décima edição referente a 2024, ou seja, o prognóstico final para a safra do ano. O tamanho real da safra brasileira será informado pelo instituto na Pesquisa Agrícola Municipal, que será divulgada apenas em setembro.
Principais produtos
A soja é o principal produto agrícola brasileiro, com produção estimada de 144,9 milhões de toneladas. Em seguida vem o milho, como 114,7 milhões de toneladas. O arroz, com 10,6 milhões de toneladas, é o terceiro principal produto. Juntos, os três alimentos representam 92,3% da estimativa da produção e 87,2% da área a ser colhida.
Analisando estado por estado, o levantamento revela que o Mato Grosso é o maior produtor nacional de grãos, com participação de 31,4%, seguido por Paraná (12,8%), Rio Grande do Sul (11,8%) e Goiás (11,0%).
Em relação às regiões, o Centro-Oeste lidera a produção de cereais, leguminosas e oleaginosas, com 144,6 milhões de toneladas (49,4% do total). Em seguida aparecem o Sul, com 78,3 milhões de toneladas (26,8%); o Sudeste, com 25,8 milhões de toneladas (8,8%); o Nordeste, com 25,8 milhões de toneladas (8,8%); e o Norte, 18,2 milhões de toneladas (6,2%).
Previsão para 2025
O IBGE divulgou também estimativa para a safra 2025. De acordo com o levantamento, a safra brasileira de 2025 deve somar 322,6 milhões de toneladas, com alta de 10,2% em relação à de 2024 – 29,9 milhões de tonelada a mais. Para Guedes, esse crescimento se deve à recuperação da safra de soja, que passou por muitos problemas em 2024.
“Isso se soma às condições climáticas favoráveis às lavouras na maior parte do Brasil, mesmo com atraso no início do plantio”, ressaltou. “Os produtores conseguiram recuperar o atraso, utilizando-se de alta tecnologia. Tem chovido de forma satisfatória na maioria das regiões produtoras, o que beneficia as lavouras que estão em campo, como a soja e o milho de primeira safra”.