Meteorologistas avaliam os efeitos da nova estação na produção agrícola
Redação AgroDF
21 dezembro 2025
O verão no Hemisfério Sul chegou neste domingo (21). Meteorologistas já avaliam os impactos com a estação de altas temperaturas e fortes chuvas devem provocar na agricultura brasileira durante a nova estação, que vai até 20 de março de 2026, quando chega o outono.
Os especialistas apontam que o verão agrícola de 2026 no Brasil será predominantemente influenciado pelo fenômeno La Niña, que deve persistir pelo menos até fevereiro de 2026. Esse cenário trará consequências distintas para as diferentes regiões do país, conforme instituições que estudam os efeitos climáticos na agricultura brasileira a cada safra e a cada estação.
Na última temporada, em 2024/2025, o verão foi o sexto mais quente no Brasil desde 1961, conforme levantamento do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). As temperaturas ficaram acima da média em grande parte do país, com destaque para o Rio Grande do Sul, que enfrentou três ondas de calor em um curto intervalo de tempo.
Produção recorde
Apesar dos riscos climáticos, as projeções gerais para a safra 2025/2026 continuam positivas, com expectativa de produção recorde puxada pela soja, devido ao aumento da área plantada e à normalização da produtividade nacional.
O setor, contudo, enfrenta o desafio de margens de rentabilidade mais apertadas e custos de produção elevados, o que aumenta o endividamento rural e as incertezas no mercado de commodities.
O calor intenso é, sem dúvida, a principal marca da estação, mas a presença das chuvas também ganha destaque ao longo dos próximos 89 dias. Para o meteorologista Celso Luis de Oliveira Filho, da Tempo OK, o verão tende a ser tão ou mais desafiador que a primavera para os agricultores brasileiros.
Na estação passada, por exemplo, a distribuição irregular das chuvas reduziu o potencial produtivo da soja entre setembro e outubro no Sudeste e no Centro-Oeste.
Impactos a cada mês
Em janeiro, primeiro mês completo do verão, a escassez de chuva pode, por um lado, ajudar na colheita de soja e na implantação da segunda safra de algodão no Centro-Oeste. Por outro, áreas do Centro-Oeste, Sudeste e Nordeste, onde o grão ainda está em fase de desenvolvimento, devem sofrer com o calor intenso e a chuva mais irregular.
A meteorologista da Tempo OK, em entrevista ao Globo Rural, alerta para impactos negativos do verão em outras culturas, como café, laranja, milho, feijão e cana-de-açúcar. “Apenas na Região Sul a chuva acima da média será favorável ao desenvolvimento de milho e soja no Rio Grande do Sul e de soja no Paraná”, prevê Oliveira.
Para fevereiro, importantes regiões produtoras podem sofrer novamente com volumes de chuva abaixo da média, enquanto a faixa entre Paraná e São Paulo e Rondônia e Mato Grosso vão registrar volumes mais intensos.
Em março, mês que marca a transição do verão para o outono, Oliveira prevê que a estiagem poderá se agravar ainda mais no Sul, Sudeste e Nordeste.
Previsão por região
Eis as previsões dos institutos para o clima nas regiões brasileiras durante o verão.
- Regiões Centro-Oeste e Sudeste: Espera-se um cenário mais favorável, com chuvas acima da média ou bem distribuídas e boa umidade do solo, criando uma janela propícia para o desenvolvimento das lavouras de verão (soja, milho, algodão) e para o planejamento da segunda safra. No entanto, podem ocorrer eventos de chuva intensa e calor pontual.
- Regiões Norte e Nordeste: A tendência geral é de um regime de chuvas mais abundante devido à influência da La Niña, o que pode trazer riscos de excesso de umidade e inundações em algumas áreas.
- Regiões Sul: A principal característica será a precipitação abaixo da média e o calor excessivo, aumentando o risco de estiagem para culturas como soja e milho. Produtores do Sul precisarão de atenção redobrada ao manejo hídrico.
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