Consórcio Brasil Central vai mostrar o que é feito para preservar e prosperar
Edição AgroDF
21 outubro 2025
O Consórcio Brasil Central, composto por sete unidades da federação, será a voz do Centro-Oeste na 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025 (COP 30), que acontecerá entre 10 e 21 de novembro em Belém do Pará. No evento, o Consórcio vai defender que o Cerrado é um bioma tão vital quanto a Amazônia para o equilíbrio climático do Brasil e do mundo. Ao mesmo tempo, irá mostrar as ações feitas para proteger o bioma sem abrir mão do desenvolvimento econômico.
O Consórcio Brasil Central é composto pelo Distrito Federal, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rondônia e Tocantins. Para a vice-governadora do DF, Celina Leão, a COP 30 é a oportunidade de o “Brasil mostrar que o Brasil está fazendo sua lição de casa”.
O DF seria um bom exemplo desse esforço. “Estamos reduzindo emissões, protegendo nossa biodiversidade, investindo em energia limpa e, principalmente, engajando nossa população nessa jornada”, enumerou Celina. “O Cerrado merece estar no centro da discussão climática, e o DF vai garantir que ele seja ouvido”.
O exemplo do DF
A região do Consórcio Brasil Central compartilha três biomas: a Amazônia, o Cerrado e o Pantanal. Conectados entre si, esses biomas são abundantes em água, que dá vida a diversas espécies da fauna e da flora brasileira, além de abastecer cidades e impulsionar o desenvolvimento do agro na região.
O desafio das unidades federativas que compõem o Brasil Central é conciliar o crescimento da produção agropecuária com a preservação dos biomas. O Distrito Federal convive com esse desafio. Mesmo tendo o menor território em relação ao tamanho dos 26 estados brasileiros, o DF chegou ao 13º lugar no ranking das unidades da federação que mais contribuíram para o crescimento do agronegócio no Brasil em 2024.
Apesar de enfrentar acerelado crescimento populacional, com áreas rurais se transformando em núcleos habitacionais, o DF vem conseguindo manter o equilíbrio entre expansão urbana, desenvolvimento rural e preservação ambiental.
Atualmente, 70% do território do DF é formado por áreas rurais, que são responsáveis pela produção agropecuária, pela preservação de mananciais e pela vegetação nativa do Cerrado. E 80% do “quadradinho” fazem parte de alguma unidade de conservação, o que contribui para conter o avanço urbano sobre as áreas destinadas à preservação ambiental.
Para demonstrar esse equilíbrio, o Governo do Distrito Federal pretende apresentar na COP 30 números que colocariam a capital brasileira no mapa da sustentabilidade nacional. Exemplo: em 2024, o desmatamento no DF caiu de 638 hectares para apenas 31 hectares — uma redução de 95%, a maior entre todas as unidades federativas do Brasil, segundo o MapBiomas.
Ações contra o desmatamento
A significativa redução do desmatamento, provocado principalmente por queimadas criminosas, seria resultado do uso de novas tecnologias e dos investimentos em fiscalização, segundo a Secretaria do Meio Ambiente (Sema) e o Instituto Brasília Ambiental (Ibram).
A união da tecnologia com a fiscalização é proporcionada pelo Sistema Distrital de Informações Ambientais (Sisdia), que integra alertas de desmatamento, imagens de satélite e dados geoespaciais em tempo real. Com 74 indicadores ambientais e mais de 144 mil acessos em 2024, o Sisdia se tornou a espinha dorsal da gestão territorial do DF, permitindo que equipes de fiscalização ajam rapidamente diante de qualquer ameaça ao bioma.
“Investimos em inteligência ambiental”, ressalta o secretário do Meio Ambiente, Gutemberg Gomes. “O Sisdia nos dá olhos sobre todo o território e capacidade de resposta imediata. Isso, aliado ao trabalho incansável das nossas equipes de fiscalização e ao fortalecimento das brigadas, resultou nessa conquista histórica. É a prova de que tecnologia e compromisso fazem a diferença.”
Reforçando a política ambiental do DF está o Programa de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais (Ppcif). Com a ampliação do contingente de brigadistas e investimentos em infraestrutura, o programa conseguiu reduzir em 66,9% as áreas queimadas entre 2022 e 2024.
O programa tem impacto direto no Plano Carbono Neutro do DF, preservando estoques de carbono florestal e protegendo ecossistemas essenciais para a regulação climática, segundo a Sema.
O programa também conta com inteligência artificial. É o projeto Sem Fogo, que monitora pontos estratégicos com tecnologia de ponta, permitindo a identificação precoce de focos de incêndio, ações de prevenção e rápidas operações de combate ao fogo no Cerrado.
Energia solar
Ao mesmo tempo, o GDF investe em transição energética. Em junho de 2024, foi inaugurada a primeira usina pública de geração fotovoltaica do DF, no Parque Ecológico de Águas Claras. O projeto recebeu R$ 4,1 milhões de investimentos, devendo gerar, num primeiro momento, economia de R$ 1 milhão por ano.
A usina conta com 1.310 placas solares, fornece energia limpa e renovável para 80 prédios públicos, incluindo 10 escolas. Estão em andamentos novos projetos para abastecer mais 400 escolas públicas, o Aeroporto Internacional de Brasília e a sede Supremo Tribunal Federal (STF).
Plantio e reciclagem
Outras iniciativas fortalecem a política ambiental do DF. É o caso da criação do Dia de Plantar. Instituído em 2023, já resultou no plantio de 30 mil mudas nativas do Cerrado em ações conjuntas com a sociedade civil. O foco, agora, é a recuperação da bacia do Rio Melchior, manancial estratégico que vem sofrendo graves agressões ambientais.
Em outra frente, o GDF investe na economia circular. O Complexo Integrado de Reciclagem (CIR), na Estrutural, uma das mais pobres do DF, recebeu em 2024 mais de 9.800 toneladas de resíduos. O trabalho de reciclagem é feito por 35 cooperativas contratadas pelo Serviço de Limpeza Urbana (SLU), já tendo gerado mais de R$ 57 milhões em receitas.
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