CRÉDITO IMPULSIONA AGRO DO DF

As linhas de crédito também ajudam a desenvolver a agricultura familiar no DF - Foto: Lúcio Bernardo Jr./Agência Brasília

O GDF investiu, entre 2019 e 2025, R$ 63 milhões em 1.180 projetos

Edição AgroDF
9 novembro 2025

O Governo do Distrito Federal, entre janeiro e outubro deste ano, investiu R$ 8 milhões em crédito agrícola para financiar 143 projetos na zona rural do DF. Com mais esse aporte de recursos, sobe para R$ 63 milhões o total investido em 1.180 projetos agropecuários atendidos desde 2019, segundo balanço divulgado hoje (9) pela Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater-DF).

Os produtores podem receber financiamento tanto por meio de programas do GDF quanto via instituições do Governo Federal. Há, por exemplo, o Fundo de Desenvolvimento Rural (FDR), da Secretaria de Agricultura, Abastecimento e Desenvolvimento Rural (Seagri-DF), e o Prospera, da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Renda (Sedet-DF).

Para ter acesso ao crédito, o primeiro passo é procurar um dos 15 escritórios da Emater instalados na zona rural do DF. Cada escritório dispõe de uma equipe técnica completa, composta por agrônomos, engenheiros florestais, veterinários e zootecnistas.

“O técnico vai até a propriedade, avalia a atividade e indica a melhor linha de financiamento conforme a necessidade — seja para irrigação, energia solar, estufas, embalagens ou novos equipamentos”, explica o presidente da Emater-DF, Cleison Duval.

Aprovado o projeto, o produtor decide qual o banco e a linha de crédito que melhor atende aos seus interesses. “O produtor escolhe a melhor opção com orientação técnica”, ressalta Duval. “Somos correspondentes bancários. Então, é como se o banco estivesse dentro do escritório da Emater”.

Crédito rápido

Um dos programas de financiamento bastante procurado é o Prospera DF. São créditos rápidos e acessíveis, que podem chegar a R$ 150 mil, com juros baixos. O Prospera, segundo Duval, “é ideal para pequenos investimentos, como uma irrigação, um equipamento ou uma pequena estufa”.

O financiamento disponibilizado pelo Prospera pode abrir novas oportunidades ao produtor rural. “O programa impulsiona a produção, fortalece a independência dos produtores rurais e estimula um ciclo de crescimento que aquece a economia local e leva mais qualidade de vida ao campo”, afirma Thales Mendes, secretário da Sedet.

Para ter acesso ao crédito, o produtor precisa cumprir alguns requisitos, entre eles a regularização ambiental e cadastral. “Não é só questão fiscal”, salienta o presidente da Emater. “O banco e a Emater também olham o lado ambiental. Se for um financiamento para irrigação, precisa da outorga de uso da água. Para determinadas atividades, é exigido o licenciamento simplificado, o DCAA, que a própria Emater ajuda a providenciar junto à Seagri”, esclarece Duval.

A Emater também dá apoio ao processo de comercialização. “Há produtores que vendem em feiras, outros para restaurantes”, explica Duval. “Criamos até um aplicativo que funciona como uma vitrine virtual, conectando produtores e compradores. É uma espécie de ‘páginas amarelas’ da agricultura do DF. O restaurante, por exemplo, pode procurar ‘tomate’ e encontrar quem produz mais perto dele. Hoje, cerca de 400 produtores já estão cadastrados”, conta o presidente.

O crédito rural está ligado a outros instrumentos de fortalecimento da agricultura familiar, como as compras feitas pelo GDF. A Secretaria de Educação, por exemplo, adquire alimentos para abastecer as escolas públicas por meio do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) e do Programa de Aquisição da Produção da Agricultura (PAPA-DF). “Então o produtor pega o crédito para investir, melhora a produção e já tem a quem vender. É um ciclo que garante renda e escoamento”, ressalta Duval.

Capacitação do produtor

Além da assessoria técnica e orientação financeira, a Emater oferece cursos de capacitação nas áreas de gestão e empreendedorismo. “Temos o curso Empreender e Inovar, que ensina o produtor a separar os gastos familiares dos custos da atividade e a pensar o negócio com eficiência”, exemplifica Duval. “Às vezes o produtor descobre que pode economizar implantando uma irrigação mais eficiente, um sistema fotovoltaico ou uma embalagem melhor. Tudo isso é inovação — e sem inovação não há avanço na produção”, enfatiza.

Com crédito rural, assistência técnica e alta tecnologia, hoje o Distrito Federal é referência nacional em produtividade de grãos e hortaliças. A safra de grãos do DF de 2024-2025 chegou a quase 932 mil toneladas, registrando crescimento de 18,1% em relação ao ciclo anterior.

Esse aumento é resultado da expansão da área cultivada e do aumento da produtividade, impulsionado principalmente pelo milho, soja, sorgo e trigo, conforme dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

Danilo Matsumoto: “A expectativa é chegar a 500 ovos por dia”. Foto: Joel Rodrigues/Agência Brasília

Produtores comemoram

Um dos produtores contemplados com crédito rural é Danilo Matsumoto (22 anos). Ele mora com os pais numa chácara de cinco hectares em Samambaia. Ali, a família Matsumoto sempre plantou hortaliças, mas decidiu diversificar a produção.

“Antes eu trabalhava com quiabo, mas queria investir em algo que me permitisse crescer mais”, conta Danilo. “Por isso, decidi produzir ovos caipiras. Hoje, tem 600 galinhas poedeiras com 50 dias de vida que devem começar a produzir ovos com quatro meses. A expectativa é chegar a 500 ovos por dia”.

O resultado foi alcançado após receber financiamento por meio do programa Prospera DF. “Procurei o crédito rural porque não tinha a quantia [de dinheiro] suficiente”, relata Danilo. “Com o dinheiro que tinha guardado, consegui apenas montar o galpão e comprar comedouros. Por ser produtor rural, consegui um financiamento com juros mais baixos. O valor do crédito cobre os gastos até as galinhas começarem a produzir. Sem isso, não conseguiria manter a qualidade que preciso”.

O produtor Miguel Simões Oliveira, da região de Ponte Alta (Gama), também prosperou ao receber crédito rural para modernizar sua propriedade. Com os recursos, Oliveira instalou painéis solares e túnel de cultivo protegido, reduzindo custos e aumentando a produtividade. “Com a energia solar, minha conta caiu de R$ 1.700 para cerca de R$ 44. Mesmo pagando o financiamento, ainda fico no lucro”, comemora.

Mas o orgulho da família Oliveira vai além do sucesso do empreendimento. “Foi com o trabalho no campo que conseguimos criar os filhos e formar um deles, que hoje é médico-veterinário”, orgulha-se Natalina, a matriarca dos Oliveira.

Com informações da Emater-DF
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