Lula inaugura indústria que irá produzir 1 milhão de toneladas por ano
13 Março 2024
Redação AgroDF
A agricultura brasileira passará a ser abastecida com mais 1 milhão de toneladas de fertilizantes fosfatados por ano, o que representa 15% da produção nacional. Os produtos serão fornecidos pelo Complexo Mineroindustrial da EuroChem, em Serra do Salitre, Minas Gerais. O complexo foi inaugurado nesta quarta-feira (13) pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Atualmente, o Brasil é responsável por cerca de 8% do consumo global de fertilizantes, ocupando a quarta posição, atrás da China, Índia e dos Estados Unidos. No entanto, mais de 80% dos fertilizantes utilizados no Brasil são importados, o que demonstra o elevado nível de dependência externa do país. “Nós queremos deixar de ser importador”, afirmou Lula em seu discurso.
O presidente lembrou que no ano passado o Brasil importou US$ 25 bilhões em fertilizantes. “Esse dinheiro poderia ter sido pago para empresários aqui dentro, que geram emprego aqui dentro, que geram salário aqui dentro e que geram qualidade de vida aqui dentro”, enfatizou o presidente.
Ao destacar a importância da soberania e da autossuficiência do Brasil em relação aos fertilizantes, Lula disse que é preciso aumentar os investimentos nesse setor para desenvolver ainda mais o agronegócio brasileiro. E conclamou os empresários da EuroChem a investir mais no Brasil.
Evolução do Cerrado
Lula destacou a evolução da agricultura no Cerrado. “O Cerrado brasileiro, na década de 70, era tido como terra imprestável”, lembrou. “Quando a gente passava no lugar e via uma mata toda torta, toda enrugada, falava ‘essa terra não presta’. Depois, o que aconteceu? Com o manejo daquela terra, o Cerrado passou a ser o lugar mais produtivo desse país”, afirmou o presidente.
Lula disse ainda que a guerra entre a Rússia e Ucrânia provocou incertezas no mercado mundial de fertilizantes, uma vez que os russos são um grande fornecedor de insumos para a fabricação desses produtos. “Se o Brasil é um país agrícola, de um potencial extraordinário, quase que imbatível hoje, pelo alto grau de investimento em ciência e tecnologia e genética, por que a gente não é, pelo menos, autossuficiente na produção dos fertilizantes que nós precisamos?”, questionou Lula.
O presidente ainda criticou a guerra: “Não existe arma de guerra mais importante na face da terra do que o alimento. O alimento é a arma mais importante, porque é a sobrevivência de todas as espécies vivas do planeta”, acrescentou.
Redução da dependência
Nitrogênio, fósforo e potássio estão na base da maior parte dos nutrientes químicos usados na agricultura. Para diminuir a dependência externa dessas matérias, o Conselho Nacional de Fertilizantes e Nutrição de Plantas (Confert), aprovou em novembro de 2023 o novo Plano Nacional de Fertilizantes, definindo as diretrizes, metas e ações para o setor.
As principais ações do plano, a curto e médio prazo, visam reativar, concluir ou ampliar fábricas de fertilizantes estratégicas para o Brasil, sobretudo nitrogenados e fosfatados. O principal objetivo é chegar a 2050 com uma produção nacional capaz de atender entre 45% e 50% da demanda interna, além de gerar oportunidades e empregos para os brasileiros.
Complexo da EuroChem
Fundada em 2001, a EuroChem é uma multinacional de origem russa com sede na Suíça. Opera minas e instalações de produção na Europa, América do Sul, China, Cazaquistão e Rússia. A EuroChem está presente no Brasil desde 2016, a partir da aquisição das empresas Fertilizantes Tocantins e Fertilizantes Heringer. Atualmente, conta com 21 unidades produtoras no país.
A companhia investiu, com recursos próprios, US$ 1 bilhão no Complexo Mineroindustrial da Serra do Salitre. É a primeira unidade de mineração da empresa fora do continente europeu. O novo complexo integra, em um único local, desde a extração do fosfato (principal matéria-prima) até a produção de fertilizantes granulados.
Além de 1 milhão de toneladas de fertilizantes fosfatados, o complexo da Serra do Salitre produzirá por ano 1 milhão de toneladas de ácido sulfúrico e 240 mil toneladas de ácido fosfórico, subprodutos usados no processo de produção do próprio fertilizante.
A companhia espera envolver mais de 1,5 mil colaboradores, com atuação direta, indireta e contínua na operação do complexo. Durante as obras, foram gerados 3,5 mil empregos diretos no complexo, com a adoção de uma política de desenvolvimento e capacitação profissional que priorizou a contratação de mão de obra local.
A unidade conta com sistema de barragens composto por três estruturas geotécnicas, um Centro de Monitoramento e Controle Geotécnico e a realização de inspeção visual diariamente. Radares, um sistema de câmeras e instrumentos automatizados permitem o monitoramento das barragens em tempo real.